O Rally dos Sertões 2016 começou para valer neste domingo (4) provando que vida de navegador não é fácil. Com 111,17 quilômetros cronometrados do total de 364 entre Goiânia e Padre Bernardo (GO), a principal competição off-road do país foi iniciada com visual que remetia à lendária Pikes Peak: a especial foi considerada bastante perigosa e de difícil visibilidade. Neste cenário, sobressaiu a dupla do X Rally Team formada por Cristian Baumgart e Beco Andreotti, que completaram o trecho em 1h36min42s, 3min08s à frente da dupla segunda colocada, formado pelo Toyota de Reinaldo Varela e Gustavo Gugelmin, atuais campeões do Sertões.
Feita em trechos de serra, a especial era repleta de abismos que não permitiam qualquer erro. "Acho que pela primeira vez o Beco sentiu bastante medo, porque era abismo para todo lado, bem escorregadio", apontou Cristian Baumgart. "A especial era linda de andar, mas havia uns penhascos muito altos, principalmente no começo, no alto da serra, mas quando se olhava para baixo dava medo", confirmou Beco Andreotti.
"Eram muitos topos sem visão, bastante poeira branca, que chamamos de talco, difícil de dissipar. Passamos seis UTVs, e passamos o Marcos na metade da especial. Já conseguíamos ver o carro do Varela, mas ele não quis dar passagem, e nos 20 quilômetros finais viemos muito na poeira dele", descreveu Cristian, que pilota o NWM-Ford Ranger V8 #304.
Além do medo de altura, outros problemas afligiram os navegadores. "O odômetro não estava batendo certinho com a planilha, principalmente na segunda metade da especial. Então comecei a cantar antes por causa dessa dificuldade e também para o Cristian já ficar preparado e acabou dando certo", lembrou, antes de contar duas passagens aterrorizantes para qualquer competidor de off-road.
"A gente veio num ritmo muito forte. Levamos dois pequenos sustos no trajeto: em um trecho passamos reto, mas felizmente era um morro e não um abismo; e depois quase demos uma capotadinha, só que conseguimos continuar. Primeiro dia, não é mesmo? Aquela coisa para esquentar. O carro está impressionante, fantástico. Vamos continuar acelerando", resumiu Beco.
Kleber Cincea corroborou as palavras do companheiro. "Foi uma especial de dar medo, porque sempre que falam de abismo a gente menospreza, fala ah, é só um barranquinho. Não, era abismo mesmo!", impressionou-se. "Tinha umas pirambeiras que se um carro cai lá eu não sei como as equipes de apoio fariam para retirar alguém de lá. Era de dar medo", explicou o navegador Kleber Cincea, que ao lado de Marcos Baumgart, terminou a especial em quarto lugar depois de enfrentar problemas com o marcador de quilometragem de seu carro.
"Hoje tomamos um pequeno prejuízo. Não foi do jeito que a gente queria, porque deu um pau no odômetro. Para ajudar, a especial era bem perigosa, então a gente veio com cautela. Não foi muito bom para nós, mas temos mais dias para recuperar", prosseguiu Marcos, vice-campeão de 2015, hoje no carro #303.
Cincea foi bem sincero. "Foi horrível. Estou passando mal ainda. Problemas no intercom
(aparato de comunicação entre piloto e navegador) - só eu falava e não ouvia o Marcos - o odômetro parou de funcionar várias vezes, minha navegação não estava precisa e eu não entendia o que estava acontecendo. Por isso o nosso ritmo não foi bom. Eu nunca passei mal em um rali e hoje foi a primeira vez. Estou enjoado até agora", contou.
Fazendo sua estreia em ralis internacionais, o sul-africano Lance Woolridge foi terceiro colocado na especial de hoje ao lado do navegador brasileiro Marcelo Haseyama no NWM-Ford Performance Ford Ranger #333.
Nesta segunda-feira (5) o rali segue de Padre Bernardo para Cavalcante, ainda no estado de Goiás. Será um dia mais longo, com 418 quilômetros, dos quais 374,8 serão cronometrados.
Confira os mais rápidos do 1º Dia:
1º) Christian Baumgart/Beco Andreotti (FORD X RALLY TEAM), 1h36min42s;
2º) Reinaldo Varela/Gustavo Gugelmin (TOYOTA), 1min39min51s;
3º) Lance Woolridge/Marcelo Heseyama (NWM-FORD PERFORMANCE), 1h41min15s;
4º) Marcos Baumgart/Kleber Cincea (FORD X RALLY TEAM, 1h42min42s;
5º) Guilherme Spinelli/Youssef Haddad (MITSUBISHI), 1h47min11s.
As etapas restantes do Rally dos Sertões 2016
05/09 - Etapa 2
Padre Bernardo (GO) - Cavalcante (GO)
Deslocamento inicial: 34,27 km
Trecho especial: 374,84 km
Deslocamento final: 9,19 km
Total do dia: 418,3 quilômetros
06/09 - Etapa 3
Cavalcante (GO) - Posse (GO)
Deslocamento inicial: 22,95 km
Trecho especial: 376,41 km
Deslocamento final: 244,12 km
Total do dia: 643,48 km
07/09 - Etapa 4
Posse (GO) - Luís Eduardo Magalhães (BA)
Deslocamento inicial: 14,62 km
Trecho especial: 361,94 km
Deslocamento final: 183,59 km
Total do dia: 560,15 km
08/09 - Etapa 5
Luís Eduardo Magalhães (BA) - Mateiros (TO)
Deslocamento inicial: 35,47 km
Trecho especial: 425,67 km
Deslocamento final: 00 km
Total do dia: 461,14 km
09/09 - Etapa 6
Mateiros (TO) - Ponte Alta (TO)
Deslocamento inicial: 00 km
Trecho especial: 514,98 km
Deslocamento final: 5,97 km
Total do dia: 520,95 km
10/09 - Etapa 7
Ponte Alta (TO) - Palmas (TO)
Deslocamento inicial: 4,61 km
Trecho especial: 191,54 km
Deslocamento final: 47,46 km
Total do dia: 243,61 km
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