Depois do primeiro dia repleto de precipícios e sustos no Rally dos Sertões, a segunda-feira começou para valer - embora pilotos e navegadores percam até a referência de dia da semana no meio da competição - e com um repeteco do resultado da etapa inicial. Hoje, entre Padre Bernardo e Cavalcante, em Goiás, Cristian Baumgart e Beco Andreotti, com o NWM-Ford Ranger do X Rally Team, venceram novamente a especial, desta vez com 374 quilômetros de extensão em um dia bastante puxado para as duplas. Eles concluíram o dia com o tempo de 4h54min26s, quase três minutos à frente da dupla segunda colocada.
O resultado permitiu que a dupla do carro #304 abrisse pouco mais de seis minutos à frente do Toyota de Reinaldo Varela e Gustavo Gugelmin. "Dia cansativo, com quase cinco horas de especial, começo bem pesado, duro, mas divertido. O final foi bem trabalhoso para o piloto, mas muito rápido. Ainda tem muita coisa pela frente. Temos de manter o foco para acelerar tudo o que a gente sabe. A adrenalina do primeiro dia já baixou, então é hora de manter a concentração e o objetivo", resumiu o navegador Beco Andreotti.
"Começamos um tanto desconcentrados por causa de um problema no intercomunicador, mas aí fomos ganhando tempo. O ritmo tem sido bem puxado e esta edição vem mostrando que é um Rally dos Sertões de verdade", elogiou Cristian Baumgart, que enfrentou outro problema no trecho - a poeira de um carro adversário. "Ontem aconteceu a mesma coisa e não nos deram passagem. Hoje o (Reinaldo) Varela deve ter tido algum problema e quando o alcançamos, acionamos o Sentinel
(dispositivo que alerta o carro à frente que há outro pedindo passagem, que funciona como a bandeira azul em competições de pista) ele não abriu. Viemos o ritmo todo na poeira dele, sem ver muita coisa, e havia vários pontos em que ele poderia ter aberto caminho. Isso nos atrapalhou bastante", apontou.
Para Marcos Baumgart, que corre junto de Kleber Cincea no NWM-Ford Ranger #303 do X Rally Team, a segunda-feira foi de andar com a faca nos dentes. "Hoje foi dia de vida loka", brincou. "Andamos em duas rodas, quase caímos em um precipício, forçamos o ritmo, pegamos poeira, me empolguei e achei que ia morrer quando saltamos em uma barragem. O carro voltou inteiro, mudei de ideia e vi que essa era a pegada, porque o bicho aceita desaforo", justificou.
"A 40 quilômetros do final furou o pneu dianteiro esquerdo quando estávamos a uns 160 km/h. Quando parei para fazer a troca, a roda estava pegando fogo. Jogamos areia para apagar, fizemos a troca e seguimos em frente", narrou. "Hoje foi pauleira, mas amanhã eu quero fazer uma corrida limpa. Agora virei caçador, e vamos atrás das caças", filosofou o vice-campeão da edição 2015.
Seu navegador, pelo visto, compartilhou dos mesmos sustos. "Primeiramente eu queria mandar um beijo para a minha esposa, que está em casa, e para o meu filho Gabriel, que ainda está na barriga dela. Agora que cumprimentei a todos, posso dizer que a especial foi boa, bem difícil para os carros, com muita quebradeira, tomando porrada de todo lado. Acho que havia uns trechos que fazia dez anos que nenhum veículo passava por ali. Conseguimos um bom ritmo, e desta vez cheguei tranquilo. Estou muito melhor do que ontem...", dedicou.
O sul-africano Lance Woolridge, que faz sua estreia no Sertões, foi mais uma vez terceiro colocado com o NWM-Ford Ranger #333, no qual compete ao lado do navegador brasileiro Marcelo Haseyama. "Estou me acostumando com as diferenças entre o que vivo em provas na África do Sul, mas já estou começando a forçar mais. Meu objetivo é chegar no fim das etapas sem nenhum tipo de problema. Agora vou tentar recuperar algum tempo, mas até então estou feliz com o resultado geral", narrou o piloto de 25 anos, filho de Neil Woolridge, preparador das Ford Ranger V8 4x4 que competem neste Sertões.
A caravana segue nesta terça-feira (6) de Cavalcante a Posse, última cidade que o rali passará no estado de Goiás. Será mais um dia longo para os competidores, com 376 quilômetros cronometrados de 643 totais.
Confira os mais rápidos do 2º Dia:
1º) Cristian Baumgart/Beco Andreotti (FORD X RALLY TEAM), 4h54min26s;
2º) Reinaldo Varela/Gustavo Gugelmin (TOYOTA), 4h57min18s;
3º) Lance Woolridge/Marcelo Heseyama (NWM-FORD PERFORMANCE), 5h06min59s;
4º) Marcos Baumgart/Kleber Cincea (FORD X RALLY TEAM, 5h07min05s;
ACUMULADO APÓS 2 ETAPAS:
1º) Cristian Baumgart/Beco Andreotti - 6h31min09s
2º) Reinaldo Varela/Gustavo Gugelmin - 6h37min10s (+6min01s)
3º) Lance Woolridge/Marcelo Haseyama - 6h48min14s (+17min04s)
4º) Marcos Baumgart/Kleber Cincea - 6h49min47s (+18min38s)
As etapas restantes do Rally dos Sertões 2016
06/09 - Etapa 3
Cavalcante (GO) - Posse (GO)
Deslocamento inicial: 22,95 km
Trecho especial: 376,41 km
Deslocamento final: 244,12 km
Total do dia: 643,48 km
07/09 - Etapa 4
Posse (GO) - Luís Eduardo Magalhães (BA)
Deslocamento inicial: 14,62 km
Trecho especial: 361,94 km
Deslocamento final: 183,59 km
Total do dia: 560,15 km
08/09 - Etapa 5
Luís Eduardo Magalhães (BA) - Mateiros (TO)
Deslocamento inicial: 35,47 km
Trecho especial: 425,67 km
Deslocamento final: 00 km
Total do dia: 461,14 km
09/09 - Etapa 6
Mateiros (TO) - Ponte Alta (TO)
Deslocamento inicial: 00 km
Trecho especial: 514,98 km
Deslocamento final: 5,97 km
Total do dia: 520,95 km
10/09 - Etapa 7
Ponte Alta (TO) - Palmas (TO)
Deslocamento inicial: 4,61 km
Trecho especial: 191,54 km
Deslocamento final: 47,46 km
Total do dia: 243,61 km
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